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Quem vai pagar a nossa conta?

O setor não tem mais fôlego para uma terceira onda e será ainda mais prejudicado se houver novas restrições. Não haverá ar - e recursos.

Portas fechadas, centenas de trabalhadores desempregados, empresas se “virando nos 30” e uma certeza: o setor não tem mais fôlego para uma terceira onda e será ainda mais prejudicado se houver novas restrições. Não haverá ar – e recursos – para empresários e empreendedores sobreviverem. A pandemia causada pela Covid-19 tem ampliado uma série de brechas estruturais nos mais variados campos do foodservice, ao mesmo tempo em que expande suas necessidades financeiras para enfrentar a emergência e gera um aumento dos níveis de endividamento que coloca em risco a recuperação e a capacidade do setor para uma retomada sustentável.

Ao encontro do que citei na abertura, e para reforçar o alerta de um setor que tem sofrido constantemente, no dia 11 de maio o Instituto Foodservice Brasil (IFB), ao lado da Associação Nacional de Restaurantes (ANR) e a Galunion, consultoria especializada em foodservice, apresentou uma pesquisa inédita com destaque para os principais desafios e tendências do setor diante da crise.

Notou-se, com muita clareza, que toda a classe envolvida chegou ao seu limite e quem passou pelos inúmeros lockdowns, em sua maioria, está com o estoque abastecido de dívidas, tanto é que o levantamento aponta que 71% dos bares e restaurantes afirmam ter dívidas, sendo que, desse total, 79% devem para bancos, 54% estão com impostos em atraso e 37% têm débitos com fornecedores. A pesquisa, feita entre 9 de abril e 5 de maio, contou com 650 empresas de diversos perfis – de redes a independentes – de todas as regiões do Brasil.

E não pense que apenas os micro e pequenos empresários foram atingidos. As médias e grandes operações, principalmente as redes com duas ou mais unidades, também foram pegas em cheio. Segundo outro balanço realizado pelo IFB, sobre os impactos ao longo de 2020, a pandemia provocou uma queda de 32% no faturamento na comparação com o mesmo período de 2019 – uma redução de R$ 215 bilhões para R$ 146 bilhões.

Basta de restrições

Os estabelecimentos foram separados de quem mais precisam, o consumidor, e, em cada reencontro, reforçaram seus protocolos de segurança. O aumento das restrições causou perdas irreparáveis e deveria ser acompanhado, no mínimo, das mesmas contrapartidas feitas pelos governos federal, estadual e municipal, em 2020, no início da pandemia. A postergação do pagamento de impostos e, principalmente linhas de crédito desburocratizadas deveriam ser disponibilizadas imediatamente.

Fome de esperança

Ainda teremos uma situação de renda significativamente preocupante até o final de 2021, além do desemprego, com perda crescente que pode se transformar em subempregos ou empregos informais, uma vez que a população precisa de trabalho para se manter. No cenário mais otimista, vamos fechar este ano 15% menores do que em 2019. Em resumo, sabemos que o momento é de dificuldade e incertezas, mas somos um setor comprometido, que representa uma cadeia inteira de valor, com indústrias, fornecedores de produtos, serviços e estabelecimentos, e hoje, nossos desejos são que o consumidor #frequentecomsegurança e #volteparasempre.

 Ingrid Devisate é diretora do Instituto Foodservice Brasil
Fotos: Bigstock e Divulgação

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