Nos últimos três anos, o pagamento em dinheiro vem sendo substituído gradativamente pelo pagamento via cartão de crédito e débito e em menor proporção pelo meio digital (app do restaurante, app de delivery, app de pagamentos, como Google Pay, Apple Pay, Samsung Pay, etc.) – uma tendência do foodservice acelerada em função da pandemia.
O pagamento em espécie já apresentava queda desde o 4º trimestre 2018, quando representava 47% do total. No 4º trimestre de 2019, passou a representar 43% e fechou com 35% de participação em 2020, segundo Pesquisa Crest realizada pela Mosaiclab e apoiada pelo Instituto Foodservice Brasil – IFB.
O vale-refeição teve uma leve queda durante o 3º trimestre de 2020, em resposta às medidas de restrição dos restaurantes e home office, porém, tão logo o consumo on-premise retornou, voltou aos patamares anteriores, em torno de 5%. O uso de cartões de crédito e débito cresceu, fechando 2020 com 29% de representatividade nos pagamentos, e por diversos fatores, entre eles o delivery e uso de apps em geral, o aumento da preferência pelo menor contato possível e o auxílio emergencial em cartão pré-pago.
Em 2020, o total de gastos do foodservice no Brasil foi de R$ 146 bilhões. O pagamento digital, embora ainda tenha baixa penetração, representando 2,2%, totalizou mais de R$ 3,3 bilhões de gastos. Esse recente crescimento mostra uma tendência quando se aproxima ao valor de gastos do vale-refeição.
O uso de pagamentos digitais desponta quando focamos no delivery e no drive-thru das redes de fast-food, em que os pagamentos em dinheiro representam 24%, cartões são 66%, vale-refeição são 5% e pagamentos digitais sobem para 5%.
O número de novos e-consumidores deverá crescer nos próximos anos. Mesmo com a flexibilização do distanciamento social, a modernização dos meios, incluindo o Pix, ajudará nesse processo e adaptabilidade. E, por fim, vem chegando a geração Z (entre 18 e 24 anos), que já representa quase 20% da população brasileira e muito provavelmente nunca irá preencher um cheque na vida. Eles é que prometem revolucionar os modelos de consumo.
Ingrid Devisate é diretora-executiva do IFB.