O governo de São Paulo vai decretar em uma nova quarentena, mais restritiva, a partir de segunda-feira, 15. A fase é chamada de “emergencial” e tem validade por, pelo menos, duas semanas, até o dia 30 de março. Além de só permitir o funcionamento de serviços essenciais, como farmácias, supermercados e postos de gasolina, ficam proibidos os cultos religiosos e jogos de futebol. Fica obrigatório ainda o teletrabalho para serviços administrativos.
Pela primeira vez, o Estado determina um toque de recolher. Fica proibido circular nas ruas em todo o Estado das 20h às 5h sem que haja um motivo justificável, como voltar do trabalho ou ir um atendimento médico urgente, por exemplo.
Outras restrições envolvem setores que até então eram considerados essenciais. Lojas de materiais de construção, por exemplo, ficam proibidas de abrir. Outra alteração é a retirada de alimentos em restaurantes, que passa a ser proibida. A modalidade delivery está permitida a qualquer hora do dia, e a de drive-thru somente no período noturno, das 5h às 20h. As praias e os parques ficam fechados.
No ensino, nesta fase emergencial, as escolas estaduais vão antecipar dois recessos que seriam feitos ao longo do ano e vão parar por 15 dias. As escolas municipais e privadas têm autonomia para definir, mas a orientação da Secretaria de Estado da Educação é para suspender as atividades. Caso a unidade permaneça aberta, precisam cumprir a capacidade máxima de 35%.
Leitos de UTI quase em 90%
Desde o dia 6 de março, todo o Estado entrou na fase vermelha da quarentena, em que somente os serviços essenciais podem funcionar. O Centro de Contingência da Covid-19 do Estado de São Paulo esperava que, com essas restrições, os números caíssem, o que não ocorreu.
O Estado de São Paulo vive o pior momento da pandemia de Covid-19. A média diária de óbitos cresceu 12% de uma semana para outra, passando de 284 para 319. A taxa de ocupação de leitos de UTI está em 87%, uma das mais altas já registradas. Apesar desta taxa média, algumas unidades e cidades – 53 no total – já estão com 100% das vagas ocupadas. O número de solicitações de leitos de enfermaria e de terapia intensiva bateu um recorde nesta quarta-feira: 2.690. O governo vai abrir ainda mais 338 novos leitos, sendo 167 de UTI, em hospitais estaduais, municipais e filantrópicos.
Em uma semana o Estado anunciou o aumento da capacidade de atendimento em 1.118 novos leitos, sendo 676 apenas de terapia intensiva. De acordo com o governador João Doria, todos vão estar ativados até o fim de março.
Na semana passada, antes mesmo da criação da fase emergencial, o governo começou a abrir 500 novos leitos, sendo 339 de UTI e outros 161 de enfermaria, em todo o estado. Os leitos estão sendo ativados gradualmente, desde o dia 8 de março. Essas vagas se somam a 11 hospitais de campanha que serão inaugurados em todo o estado nos próximos dias. O modelo é diferente do que já foi adotado e será implementado em unidades de saúde já existentes.
O secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse que o governo estadual triplicou o número de leitos de UTI desde o início da pandemia, mas fez um apelo para as pessoas seguirem as medidas sanitárias. “Não daremos conta de abrir mais leitos. Estamos na pior crise sanitária de todos os tempos. 53 municípios estão com 100% nas taxas de ocupação de leitos de UTI”, alertou.
Restrições da fase emergencial
- Apenas atividades essenciais podem funcionar, como supermercados, açougues, padarias, feiras livres, farmácias, postos de gasolina, petshops;
- Comércio, shoppings, academias, salões de beleza, bares precisam ficar fechados;
- Restaurantes: é permitida a entrega (delivery) por 24h. A compra sem sair do carro (drive-thru) vale das 5h às 20h. Consumo no local e a retirada direta de comida são proibidos;
- Teletrabalho de serviços administrativos é obrigatório;
- Parques e praias ficam fechados;
- Venda de bebida alcoólica só é permitida entre 6h e 20h;
- Qualquer tipo de aglomeração é proibido;
- Toque de recolher das 20h às 5h;
- Escolas estaduais ficam fechadas por 15 dias. Redes municipal e privada têm autonomia para decidir.
Com informações do portal Exame.
Imagem: Roberto Casimiro/FotoArena/Estadão Conteúdo