Após um ano de restrições causadas pela pandemia da covid-19, 71% dos bares e restaurantes têm dívidas. É o que aponta levantamento feito com 650 empresas de diversos perfis pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado foodservice, e com o Instituto Foodservice Brasil (IFB).
Entre os endividados, 79% têm dívidas com os bancos, 54% estão com impostos em atraso e 37% têm débitos com fornecedores. Para 29,2%, as dívidas representam de um a três meses de faturamento mensal médio de 2020. Outros 28,1% devem entre quatro e seis meses, enquanto 34,4% devem entre sete meses a mais de um ano do faturamento.
Para Ely Mizrahi, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), a pesquisa evidencia a dimensão do impacto da pandemia sobre a cadeia de valor do Foodservice. “Os desafios destacados pela pesquisa refletem na dinâmica de todos os elos da cadeia e demandam senso de urgência nas ações de apoio ao setor, especialmente aos pequenos operadores. O momento é de dificuldade e incerteza principalmente em relação ao apoio governamental, visto em outros países como fundamental para a recuperação desta indústria”, disse.
Endividamento
Outro dado preocupante é que 66% dos bares, restaurantes e similares dizem que o que o capital de giro não dura mais de 30 dias em casos de novas restrições ou lockdown.
Mesmo com o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), o levantamento aponta que 64% promoveram demissões desde o início da pandemia. Na média, 21% dos colaboradores foram desligados.
“O setor chegou ao seu limite. Quem sobreviveu, em sua imensa maioria, está muito endividado. Entendemos as questões sanitárias e respeitamos todos os protocolos, mas é fundamental que as autoridades se sensibilizem, que sejam criadas novas linhas de crédito específicas para o setor, como fizeram muitos países. Só assim conseguiremos amenizar a situação, evitar novos fechamentos e demissões”, afirma Fernando Blower, diretor-executivo da ANR.
Tendência
A redução do desperdício é apontada por 75% como a principal ação para aumentar as vendas. O levantamento aponta também que o delivery é usado por 86% dos bares e restaurantes do país. Entre as principais soluções utilizadas, uma delas chama a atenção: o WhatsApp. 70,5% dos entrevistados dizem utilizar o aplicativo para seus serviços de entrega.
“O delivery continuou a crescer, mas em ritmo menor e através de mais canais de vendas, como o WhatsApp, e foi interessante notar que há uma consciência maior do setor de que é necessário caminhar em direção a digitalização, aspecto que será ainda mais importante na retomada”, afirma Simone Galante, CEO da Galunion.
Futuro
Bares e restaurantes estão cautelosos em relação as perspectivas de faturamento do próximo trimestre: 39% dizem que não é possível fazer previsão. Outros 34% acreditam em um pequeno crescimento, enquanto 17% esperam uma expansão acentuada.