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O que sustenta a sustentabilidade?

Uma possível e curta resposta à pergunta do título é: as pessoas! Mas, dentro de uma grande empresa, as respostas são complexas porque os negócios são complexos. E isso não é necessariamente ruim. Essa reflexão pode, inclusive, apontar uma série de oportunidades para tornar nossas atividades ainda mais sustentáveis e deixar nosso legado por onde passamos. Quando comecei minha carreira, a ideia que se tinha de sustentabilidade era diferente, se confundia muito com ações focadas no meio ambiente e nos recursos naturais.

Com o passar do tempo, o conceito ficou mais claro dentro e fora das empresas, com a adesão dos consumidores, fornecedores e, claro, lideranças corporativas. Hoje, entendemos a sustentabilidade com um tripé formado também pelo social e pelo financeiro, afinal, o que é sustentável precisa se sustentar em longo prazo.

Prefiro essa abordagem 360º, sem ignorar o meio ambiente, porque ela traz mais avanços aos envolvidos diretamente e também aos indiretos que podem se beneficiar das ações que fazemos com as diferentes comunidades em que atuamos.

Aqui, na Cargill, um dos programas que mais me encantam neste sentido é o Ação Renove o Meio Ambiente. Criado em 2010, ele foi pensado dentro do conceito de logística reversa: a Cargill produz o óleo Liza de forma responsável, comercializa através das redes varejistas, o consumidor compra, utiliza o produto, separa o óleo de cozinha residual e leva a um dos nossos 1.700 pontos de coleta espalhados pelo Brasil. Todo o óleo coletado é processado e se transforma em matéria-prima para produção de novos produtos!

O óleo pode ser reutilizado como biodiesel, o que faz do programa um ótimo exemplo também de economia circular: o que era desperdício passa a ser um combustível mais limpo e de fonte renovável. Hoje, ele se tornou uma verdadeira plataforma, inclui supermercados, restaurantes, escolas e espaços públicos como pontos de coleta e, ao todo, já foram transformados 6,3 milhões de litros de óleo.

Outro exemplo: em muitos dos nossos produtos, trocamos as embalagens de aço por embalagens plásticas, especialmente porque elas podem ser reutilizadas e seu processo de vedação impede a oxidação de produtos como o extrato de tomate, que não leva conservante na sua formulação. Isso foi parte de uma profunda análise do ciclo de vida dos nossos produtos. Marcas como Liza, Elefante e Pomarola já são pensadas dentro dessa nova proposta e a fabricação das embalagens foi redesenhada para se usar o mínimo possível de material, sem perder seu caráter de segurança e durabilidade.

A sustentabilidade é um trabalho amplo, contínuo e que pode ser aprofundado. O engajamento do consumidor e de outros elos da cadeia produtiva é uma etapa fundamental para o sucesso de uma iniciativa sustentável, não importa seu tamanho. Voltando à pergunta do título: sim, as pessoas sustentam a sustentabilidade, mas é importante enxergar a prática somada ao discurso. É isso, afinal de contas, que inspira, motiva e transforma.

Os aprendizados da Cargill na pandemia, segundo o diretor-geral para a América do Sul

 

 

 

Augusto Lemos é diretor-geral da Cargill Foods na América do Sul.

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