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Delivery a jato: o serviço de entrega rápida além do setor de alimentação

 O serviço de entrega rápida em domicílio já é conhecido há muitos anos pelo público brasileiro, que se acostumou a pedir pizza ou comida chinesa por telefone, só para citar dois exemplos. Mas a pandemia de coronavírus teve como consequência uma forte mudança em toda a dinâmica do serviço – também conhecido como food-service, que passou a ser usado por mais consumidores e tornou ainda mais popular o uso de aplicativos, que substituíram em boa parte os tradicionais pedidos por telefone.

As vantagens dos aplicativos são muitas porque o menu está ali, na tela do celular. Basta escolher os itens e fechar o pedido. Imediatamente o software informa se o pedido foi visto e aceito pelo estabelecimento e tempo estimado de entrega. Dá para acompanhar o processo do início ao fim e, ao receber, não é preciso estar com dinheiro ou cartão em mãos, pois existe a opção de pagar diretamente pelo próprio aplicativo. É simples, rápido e seguro.

Mas, até o momento, a entrega rápida tem sido um serviço mais comum no setor de bares e restaurantes. Outros tipos de comércio até trabalham com entrega em domicílio, mas em um processo diferente, mais lento. Ninguém compra um livro, um calçado ou qualquer outro produto para receber dali 30 minutos ou em 1 hora. Normalmente, a entrega é feita no dia seguinte.

Isso acontece por causa do modelo de negócio que envolve grandes centros de distribuição. O cliente faz o pedido no site de uma grande loja. Ele é encaminhado para o centro de distribuição que separa a mercadoria, mas só a despacha depois que o veículo que fará a entrega estiver cheio. É uma questão de distância e de custos. Esses centros ficam localizados em áreas estratégicas, normalmente próximos de grandes rodovias, e costumam ter o apoio de centros menores dentro das cidades. Há também o formato que usa o próprio ponto de venda como se ele fosse um pequeno centro de distribuição. Isso possibilitou reduzir o tempo de entrega, mas ainda sem a mesma velocidade do tradicional sistema de delivery do ramo de alimentação.

A verdade é que é possível replicar o modelo do food-service para outros ramos do comércio. Imaginemos uma loja de sapatos. Ela se cadastra no aplicativo e coloca toda sua linha de produtos no mostruário do app. O cliente, por meio do smartphone, escolhe o calçado e fecha o pedido, da mesma forma que faria se estivesse comprando uma pizza. A loja confirma o pedido e imediatamente um entregador, possivelmente um motofrete que esteja bem próximo, é acionado, vai até a loja, retira o produto e faz a entrega. Tudo sendo monitorado em tempo real pelo consumidor e pelo estabelecimento comercial.

É simples, pois todo o processo acontece sem a necessidade de acionar grandes centros de distribuição. Dessa forma, lojas menores e principalmente aquelas localizadas em bairros mais distantes terão à disposição uma ferramenta para competir com redes varejistas. Isso sem a necessidade de integração com uma grande plataforma ou ecossistema de grandes players.

A venda de comida para entrega em casa ou no trabalho traz enormes vantagens de tempo e financeira porque o consumidor não precisa se locomover, pegar trânsito, procurar estacionamento, enfrentar filas etc. E toda essa praticidade pode ser oferecida por pequenas lojas de vestuário, eletrônicos e materiais de construção, elétrico e hidráulico, entre outros. Ao fazer a entrega com eficiência e velocidade, o lojista oferece uma experiência de compra melhor para seu consumidor final.

Além disso, o aplicativo de entrega faz mais do que a ligação cliente-comércio-entregador-cliente. Ele também funciona como um sistema de informação, mostrando ao comerciante, em tempo real, dados de sua operação e dados logísticos de entrega. Isso facilita a tomada de decisões por parte do empresário. Com baixo custo, ele passa a ter em mãos uma ferramenta de apoio à gestão que só grandes players podem ter.

Com tantas vantagens, não há dúvidas de que os aplicativos de food-service, já consolidados entre usuários de bares e restaurantes e, em menor grau, no setor de supermercados, entrem com força em outros segmentos.

 

*Felipe Criniti é CEO da Box Delivery, empresa especializada em soluções tecnológicas para serviços de logística.

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