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Como o aproveitamento integral de alimentos pode ser simples e impactante

A criatividade sempre foi um diferencial?

Por Beatriz Samara, cofundadora e Diretora de Produto da Olga Ri

A criatividade na cozinha sempre foi um diferencial para grandes chefs e para pessoas que preparam alimentos dentro de casa, mas nem todos sabem que ela pode ser uma ferramenta importante para contribuir para o aumento da segurança alimentar no mundo.

O desperdício de comida é um fator potencializador da fome. Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), mais de 30% da produção mundial  de alimentos é descartada a cada ano entre as fases de pós-colheita e de venda no varejo. Esse processo também acontece nos processos produtivos da indústria e na rotina de famílias e empresas, mas não deveria.

De acordo com a organização, todos os anos perdemos cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos que poderiam ser destinados ao consumo humano. A entidade calcula que se poupássemos apenas 25% de tudo o que é jogado fora, já seríamos capazes de abastecer a população com fome.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), cerca de 31 milhões de pessoas enfrentarão a insegurança alimentar nos próximos meses. Enquanto o Brasil é um dos maiores exportadores de insumos agrícolas do mundo, os brasileiros sofrem com a desigualdade na distribuição de alimentos e com a fome, em um país que joga fora, todos os anos, mais de 30 milhões de toneladas de comida.

O que fazer para mudar este cenário?

Uma estratégia simples e acessível para todos que se sentem inclinados a contribuir com a mudança desse quadro é o aproveitamento integral de alimentos. A técnica visa à utilização total dos componentes no preparo de refeições, incluindo, além da polpa, partes não convencionais, tais como cascas, sementes e talos de legumes e verduras. Com pouco conhecimento, é possível diversificar as refeições do dia a dia e criar sopas, geleias, sucos, doces e outras: refeições leves, coloridas e, mais do que nunca, integrais.

Como colocar em prática?

Pode parecer algo distante e difícil de pôr em prática, mas não estamos falando de receitas complicadas e exóticas, como preparar almôndegas de casca de banana, e sim de adotar soluções que sejam simples e caibam no cotidiano.

É possível exercitar a criatividade no preparo dos alimentos explorando ingredientes que antes passavam despercebidos. Já pensou em usar os talos de vegetais que seriam descartados,  mas estão cheios de sabor e nutrientes, para preparar um bom caldo de legumes que sirva de base para sopas? Que tal, por exemplo, colocar a rama da cenoura com o manjericão para fazer um molho pesto verdinho e saboroso? Ou então adicionar o caule da couve em um vinagrete? E misturar as folhas da beterraba na salada? As possibilidades são muitas e a quantidade de alimentos que podemos salvar é enorme.

O aproveitamento integral de alimentos ainda aumenta o fornecimento de nutrientes das preparações e promove a diversificação alimentar da população com baixo custo. As partes não convencionais muitas vezes apresentam maior teor de nutrientes que a polpa. A casca do abacaxi, por exemplo, possui muitas fibras, cálcio, vitamina C, potássio e fósforo.

Para que isso possa mudar de verdade, cozinheiros, auxiliares, nutricionistas, chefs de cozinha, professores de gastronomia e donos de casa precisam agir e transformar as suas preparações culinárias.

As possibilidades são infinitas, mas os impactos são assertivos: queda no custo da alimentação, contribuição para a saúde, transformação na situação da fome e coração quentinho por contribuir diretamente com sua família e com a sociedade.

*Beatriz Samara, Diretora de Produto e cofundadora da Olga Ri, startup de saladas e bowls que opera a partir de dark kitchens – olgari@nbpress.com *

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