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Inflação continua elevando os preços dos alimentos

Se por um lado o ano de 2020 fechou com alta acumulada na inflação de 15,02%, conforme o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS (Associação Paulista de Supermercados) e a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), pelo outro, 2021 continuará sofrendo reajustes na carga tributária dos alimentos.

Primeiro foram as carnes bovinas (16,36%), suínas (31,5%) e os queijos (35,55%), no ano passado. Depois, em janeiro deste ano, a alíquota da carne foi reajustada em +0,2% e a do queijo para +1,30%. Em abril, os novos aumentos dos impostos serão de 0,8% na carne, e de +4,7% no queijo, conforme os Decretos Estaduais 65.450 e 65.452, de 30 de dezembro de 2020, realizados pelo governador de São Paulo, João Dória, para aumentar a arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Ao realizar uma comparação com o cenário de 2019, quando a inflação nos alimentos foi de 5,73%, o presidente da APAS, Ronaldo dos Santos, revela uma preocupação com o poder de compra dos consumidores, sobretudo em categorias que ficaram mais caras em 2021 devido ao aumento de imposto: “tivemos uma aceleração incomum nos preços de algumas categorias, o que deixou o ano de 2020 com o percentual de 15,02%, o maior da década, superando os 11,33% do ano de 2015. Por isso, reitero a posição externada por nossa entidade no ‘Manifesto APAS – Em defesa do consumidor e do emprego’, solicitando ao governo do estado que volte atrás nos aumentos de impostos sobre os alimentos que promoveu e revogue na integralidade os aumentos de impostos que passarão a vigorar no dia 1 de abril”.

Por outro lado, ele acredita também que durante todo o ano de 2021 haverá uma “elevação mais moderada nos preços para diversas categorias, quando comparado ao comportamento dos preços de 2020. Diante disso, a inflação em 12 meses, mesmo com impacto do real mais desvalorizado favorecendo as exportações, deve manter o IPS em torno de 4% a 5%, contribuindo para uma evolução mais moderada quando comparada a 2020, quando a inflação em 12 meses foi de 15,02%”, avalia Santos.

De acordo com a APAS, os principais fatores que contribuíram para esses aumentos foram os reflexos da pandemia, a desvalorização do Real, a exportação de grãos utilizados majoritariamente para ração, como a soja e o milho; o encarecimento dos custos de produção puxado pela alta no preço da energia elétrica, o aumento no custo dos combustíveis impactando o transporte, e o aumento expressivo da demanda para o consumo caseiro.

Aliado a isso, a demanda internacional também contribuiu porque as exportações têm sido impulsionadas pelo câmbio mais desvalorizado do Real frente ao Dólar. Os preços dos produtos industrializados fecharam 2020 inclusive com alta de 14,5%, impactados principalmente pela elevação dos preços dos derivados do leite (15,60%), leite em pó (20,14%) e o queijo muçarela (35,55%).

Outras categorias

De forma geral, no ano de 2020 os óleos também pressionaram os preços dos produtos industrializados com alta de 67,2%. A soja, por exemplo, acumulou 115,6% e o açúcar uma alta de 16,1%.

Os produtos in natura – que representam em média 10% do faturamento de um supermercado – subiram 5,61% no ano passado. Os legumes tiveram alta de 24,7%, tendo o tomate (32,2%) e a cenoura (67,9%) puxando o Índice. E nas frutas, a inflação foi maior, com 26,2%, representadas pelo “vilões” como a laranja (49,6%), a banana (23,1%) e a maçã (66,3%).

Segundo a APAS, o principal motivo apontado para esse aumento foi o descompasso entre a oferta/produção desses itens e a elevação da demanda.

Entre as bebidas, as alcoólicas tiveram uma variação de 3,15%, reflexo da elevação no preço do vinho (4,77%) e a alta do preço da cerveja (2,89%). Entre as não alcoólicas, a alta foi de 2,5%, sendo o refrigerante o item mais inflacionado em 3,03%.

Já os preços dos produtos de limpeza apresentaram em 2020 uma alta de 6,17%, impactados principalmente pela elevação nos preços do sabão em barra, com variação de 15,67%. Os artigos de higiene e beleza também apontaram alta de 4,58%, impactados pelos preços do sabonete (7,87%) e do creme dental (9,47%).

Fonte: SuperVarejo
Foto: Reprodução da internet

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