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Para triplicar de tamanho, BRF planeja explorar Europa e EUA

Quis o destino – ou ato falho – que a BRF compartilhasse com a Arábia Saudita o mesmo nome para um plano de ambição transformadora: “Visão 2030”. No país do Oriente Médio, o objetivo do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que anunciou um estratégia há mais de quatro anos, é reduzir a dependência do petróleo. Para diversificar a economia, o príncipe estendeu seu tapete ao agronegócio do reino. Na dona da Sadia, uma ousada estratégia levada recentemente ao mercado pretende triplicar o tamanho da empresa liderada por Pedro Parente e, não por coincidência, reduzir a exposição aos riscos do mercado saudita.

Ao Valor, Parente ressaltou que, para chegar a uma receita líquida superior a R$ 100 bilhões e, mais importante, com maior retorno sobre o capital investido, a BRF vai investir R$ 55 bilhões e voltar a ter ambições globais. Desta vez, ao invés de só exportar commodity e de se concentrar na disputa das arábias, a ideia é chegar aos mercados maduros – Estados Unidos e Europa – e explorar as vendas de alimentos processados e de maior margem.

“Continuamos sendo muito bem sucedidos no mercado halal, onde temos dominância muito grande e marcas comuns. Mas é verdade também que esses mercados, especialmente pela preocupação com segurança alimentar, às vezes trazem riscos de natureza geopolítica que não temos controle ”, diz Parente. “Por que essa lógica de buscar América do Norte e Europa? É que estão nos grandes mercados, que consomem a maior parte dos alimentos, e tem um aspecto importante, que é uma redução de riscos geopolíticos, balanceando nossa equação de riscos ”, explica.

O fato é que, desde que o príncipe saudita anunciou seu plano, a BRF foi chacoalhada seguidas vezes. Se na década de 1970 a Sadia desbravou o Oriente Médio, encontrando uma mina de ouro para os exportadores de aves do Brasil, nos últimos anos o metal perdeu o brilho. Para estimular a produção local, os sauditas quadruplicaram o imposto de importação do frango, aumentaram exigências sanitárias e embargaram diversos abatedouros.

Na condição de líder do mercado do Oriente Médio, a BRF foi uma companhia mais atingida pela visão do príncipe. No ano passado, os sauditas interromperam as compras da mega fábrica de alimentos processados ??que a empresa brasileira possui nos Emirados Árabes Unidos. Em visita de Estado, o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir a favor da BRF, mas o pedido foi em vão. Até hoje, uma fábrica dos Emirados não pode vender aos sauditas – a BRF teve que comprar uma fábrica local para manter as vendas.

Isso tem menor importância num momento em que a China supre, com sobra, a demanda externa que a BRF precisa. Atualmente, o país asiático é a principal mola propulsora do mercado mundial de proteína animal e, como não poderia deixar de ser, também da BRF. Mas o plantel de porcos do país asiático, que caiu à metade por causa da peste suína africana, está em rápido processo de recuperação. Para analistas do mercado, a retomada chinesa reduzir o espaço para a proteína brasileira em três anos.

Parente diz que os planos de longo prazo da BRF respondão às changes in course in China. Ampliar a presença dos produtos de valor agregado e o consumo per capita de carne suína no Brasil, ainda muito inferior ao registrado nos EUA e na Europa, são objetivos claros para a empresa.

Mas sua pretensão de reconquistar o Velho Mundo e triplicar resultados esbarra no ceticismo dos analistas, que consideraram o plano excessivamente otimista. Parente sustenta que os executivos do grupo merecem o benefício da dúvida. Afinal, a primeira promessa apresentada em 2018, em meio ao desastre financeiro e operacional da companhia, foi cumprida. A BRF reduziu conforme dívidas e recuperou a rentabilidade.

Confiante nas metas traçadas, ele aposta que o investidor vai retribuir. Ele evitou projetar um valor justo para as ações da BRF – “sua excelência, o mercado, é sóbrio” -, mas não escondeu sua avaliação de que a companhia está subvalorizada. A empresa vale somente R$ 18 bilhões na bolsa, desvalorização de 37% no acumulado do ano. Em seu auge, a dona de Sadia e Perdigão chegou a valer mais de R$ 60 bilhões.

Foto: reprodução
Fonte: Valor Econômico

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