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Por dentro da NRA Show, a maior feira do setor de restaurantes do planeta

 

Há um século, em 1917, um boicote ao preço dos ovos mobilizou os Estados Unidos. A ação foi organizada por um grupo de donos de restaurantes de Kansas City, no estado de Missouri, que um ano antes haviam se reunido e fundado a Kansas City Restaurant Association. Impactados pela alta do insumo, oferecido por um valor exorbitante para a época (65 centavos de dólar, a dúzia), os empresários conseguiram pressionar os fornecedores a reduzir o preço para 32 centavos.

A conquista motivou o grupo a lançar, dois anos mais tarde, em 1919, o embrião de uma associação de alcance nacional. A National Restaurant Association (NRA) cresceu, consolidou-se e ajudou a alavancar de vez a indústria do foodservice no país. O setor emprega hoje quase 15 milhões de pessoas nos EUA e deve movimentar 799 bilhões de dólares em 2017, o equivalente a 4% de todo o PIB americano.

Se pudessem viajar numa máquina do tempo para os dias atuais, aqueles pioneiros donos de restaurantes que fundaram a NRA no comecinho do século 20 ficariam de queixo caído e cabelo em pé com as tecnologias exibidas na nonagésima-oitava (!) edição do NRA Show, no último mês de maio. O megaevento anual é realizado no McCormick Place, o maior centro de convenções da América do Norte, um colosso arquitetônico de 240 mil metros quadrados a poucos minutos do centro de Chicago.

“É a maior feira do setor de restaurantes do mundo, extremamente bem sucedida”, diz Ingrid Devisate, diretora-executiva do Instituto Foodservice Brasil. “Contempla tudo o que você pode imaginar desse setor. E mais do que isso: é um evento que conecta pessoas.”

A edição de 2017 foi a maior de todas, ocupando “apenas” 64 mil metros quadrados do McCormick Place. O evento reuniu 67 mil profissionais e 2 mil expositores de 30 países (o número de expositores internacionais cresceu 55%), incluindo África do Sul, Austrália, Brasil, China, Emirados Árabes Unidos, Espanha, França, Índia, Israel, Itália, Japão, México, Rússia, Tailândia, Turquia…

Melhorar a velocidade, a comunicação, a eficiência operacional e o custo foram o foco das soluções digitais apresentadas no evento. A tecnologia dominou a feira na forma de tendências e inovações que prometem revolucionar a indústria durante os próximos anos. A Nextep Systems, por exemplo, aposta suas fichas no reconhecimento facial: “A partir da leitura do rosto, é possível acessar o histórico de consumo daquele cliente”, diz Ingrid. “Assim, você consegue direcionar promoções e oferecer combos de acordo com os hábitos de consumo dessa pessoa.” A solução também pode ser aplicada em drive-thrus, acelerando o tempo de atendimento.

Segurança dos alimentos é um dos focos da PAR Technology. A empresa oferece um software que pode ser aplicado para a leitura de dados de temperatura de um refrigerador, permitindo rastrear as condições de conservação dos alimentos. “Esses dados sobem para a nuvem e você consegue acessá-los em tempo real”, diz Ingrid. De posse das informações, o dono do estabelecimento pode tomar decisões de forma mais inteligente e assertiva, reduzindo o custo e o desperdício alimentar.

Ingrid destaca ainda a Coca-Cola Freestyle Machine, uma máquina que permite customização de bebidas. “O cliente instala um aplicativo no celular e, através de um QR Code, baixa as suas preferências, como quer mixar sua bebida.” A cada cinco drinques, um programa de recompensa dá direito a um gift card (cartão de presente) da Amazon no valor de cinco dólares. “São as empresas fazendo parcerias e buscando engajamento, fidelização e repetição de compra.”

Novidade deste ano, o Innovation Hub desdobrou-se em três ambientes com foco em inovação. Dois deles, Innovation Theater e Tech Talks, acolheram palestras e debates sobre temas diversos, dos impactos da “Geração Z” (crianças e jovens de 10 a 17 anos, que já exercem influência na tomada de decisões) para os negócios até as possibilidades e desafios do uso de robôs no foodservice. Enquanto isso, o Startup Alley, ou “Beco das Startups”, reuniu 14 empresas que estão levando frescor à indústria com seus serviços e produtos – de aplicativo para fazer o inventário do estoque a quiosques inteligentes que customizam a experiência do consumidor.

Às vezes, as melhores soluções parecem ser as mais simples. Entrando no terreno da sustentabilidade, Ingrid se encantou com as hortaliças da Pete’s Living Greens, que conheceu na NRA Show. “O produto é entregue na raiz, então conserva os nutrientes, uma vez que é cortado na hora.” Esse frescor garante maior vida útil, evitando o desperdício. O evento apresentou ainda fontes alternativas de proteínas e produtos com foco em vegetarianos, veganos, celíacos e alérgicos em geral.

A comitiva do IFB aproveitou a viagem a Chicago para fazer visitas técnicas a restaurantes escolhidos a dedo. “Os Estados Unidos têm estabelecimentos com ambientações muito próprias, estilos diferentes e atendimento fast-casual”, diz Ingrid. “Ou seja, o lugar é agradável e conveniente, mas é rápido, não chega a oferecer serviço completo. Nós focamos as visitas nesse tipo de operação.”

Dos restaurantes visitados, Ingrid destaca o 3 Greens Market. “Virou um dos meus preferidos. Além de lindo, ele recebe bem diversos tipos de perfis. Você é muito bem atendido, pode ler, sentar numa mesa comunitária… Tem bar, cafeteria, tem até uma pista de minigolfe para você brincar e gastar ainda mais tempo no estabelecimento.”

Quer saber mais sobre o NRA Show 2017? Confira os gráficos do Foodable Labs, que analisou conversas em redes sociais de mais de 13 mil visitantes para mapear o perfil do público e as marcas e tendências mais comentadas durante o evento.

E fique ligado: vem aí a nonagésima-nona edição do NRA Show, em 2018! Procure o IFB e junte-se à nossa comitiva para um tour guiado pelos maiores especialistas do setor!

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